O sr. L.C.S. é um sujeito baixinho e mirrado, quase um personagem de Euclides da Cunha, o típico brasileiro forjado em quinhentos anos de exclusão. Os olhos adocicados de brasilidade expressam um homem acostumado à submissão. Certo dia, aguardou a saída dos colegas e cochichou: 'Fessor, vou copiar o dever. De coração enternecido, respondi: Sim, Sim. Tudo direitinho, ok? Ele, então, fechou seu gigantesco caderno e saiu. Confesso que pela primeira vez acreditei no trabalho de inclusão supostamente promovido no segmento de Jovens e Adultos. Senti que poderia ser útil a este ser humano por compartilhar o que aprendi em termos de conhecimento formal. Algum tempo depois ele deixou de frequentar as aulas. Fiquei desapontando, vida que segue. No Conselho de Classe os professores também se mostraram decepcionados com o seu desligamento. Então, a coordenadora do curso declarou: O senhorzinho disse que aprendeu muito com a sociologia; aprendeu que merecia respeito e ser ouvido... Senti de imediato uma intensa felicidade me invadir. Pertenço a uma das poucas classes profissionais que vibra em tais situações, pois nelas o trabalho docente ganha sentido e valor real. Caro senhor LCS, que não lerá muito provavelmente essa postagem: obrigado! O senhor me fez sentir orgulho pelo meu trabalho. Já atuei em vários níveis da educação básica e superior, mas nunca tinha experimentado algo de bom neste segmento do qual tão brevemente o senhor fez parte...
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