4 de jul. de 2012

O ABRAÇO TORTO

Um profissional competente, médico bem sucedido, jovem e confiante. Domina o conhecimento técnico, o que é louvável, considerando o mar de mediocridade de seus pares. Vou esquecê-lo, contudo. Refiro-me ao médico que fez minha cirurgia, que não se deu ao trabalho de falar comigo antes ou depois da cirurgia. A recepcionista havia dito: ele chega na hora, dá o seu show e vai embora. Uma atividade de rotina, um prontuário e um cartão de plano de saúde,  eis tudo. Pouco antes de entrar no centro cirúrgico, um enfermeiro me abordou: "O senhor está nervoso? Fique calmo. Eu não sei o seu nome, mas todo mundo aqui é experiente, o senhor está em boas mãos" E me deu um abraço meio de lado - o seu nome é André, ele me disse antes de sair para cuidar de seus afazeres. Certamente, esquecerei do médico jovem e talentoso, espécie de dr. House tupiniquim; mas não esquecerei do enfermeiro, jamais. A medicina é uma atividade humana, feita para atender humanos. Um abraço torto, antecedido por palavras ditas de improviso, foram mais reconfortantes que o talento do médico e me encheram de força. O ideal é unir às duas coisas: competência e humanidade. Neste sentido, grande parte da culpa é de um sistema educacional que desvaloriza as ciências humanas e a filosofia em prol do conhecimento exato e tecnológico. Mas isso é certamente um longo debate...

Um comentário:

Cafo... disse...

Se não fosse assim, não seria você...mas sempre encontramos anjos disfarçados por aí...um abraço meio torto, talvez uma asa atrapalhasse. Tudo correu bem e você está se recuperando. Afinal, o seu ombro é muito importante: sempre tem alguém precisando...rs, bjs