17 de fev. de 2011

MONOGRAFIA

Ele colocou o tijolo sobre a mesa com a expressão cansada. Explico. Era um aluno e sua monografia de quase cem páginas. Eu o orientei nestas férias e por meio de emails. Um tema difícil, com poucas fontes no Brasil e algo que conheço pouco, admito. Ainda assim, está aqui o trabalho de conclusão de curso. Muito mais que uma monografia de graduação, na verdade, mais algumas calibragens e seria uma dissertação. O aluno estuda o tema há anos e me escolheu para orientador, talvez, por falta de opção. Desconfio até que não simpatizasse muito comigo de início. Considerado marrento, encrenqueiro e polêmico, comportou-se exemplarmente - um tanto estressado, mas bastante educado, e acatava com moderação minhas recomendações. E devo dizer, fui exigente e em consideração a seu esforço. Ainda creio que o terceiro capítulo ficou descolado em relação ao objeto e que o trabalho no todo carece de aprofundamento teórico, isto é, que ele deveria conhecer mais dos conceitos relativos à alteridade. Na verdade, uma avaliação apropriada a uma dissertação; como monografia de graduação a nota dez é insuficiente, não faz jus a seu trabalho. E a orientação foi difícil, por vários motivos: tamanho do trabalho, o tema e o fato de ser um período de férias, sem contar que eu também estou envolvido em um novo projeto de pesquisa. No final das contas fico feliz por ter contribuído de alguma forma. Ele terá um futuro brilhante como pesquisador, caso jogue suas "fichas" nisso. E deve sair do Brasil no sentido de aprofundar seus conhecimento - eu disse e ele sabe disso...

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