20 de mai. de 2010

VISÕES - BRASÍLIA - 2

Eu observava os prédios, inspirando a secura da inóspita cidade. Lembrei-me de meu amigo Leonardo, não faz dois anos estivemos aqui. Apenas dois anos e quanta coisa mudou! Não na cidade, em mim, quero dizer. E eis que sinto um olhar intenso. Reparei que era uma loura que me fitava com interesse. Não demorou segundos para que eu percebesse: era uma prostituta. Outra morena ladeava um imponente edifício. Segundo eu soube, Brasília está infestada: tão caras quanto os aluguéis das cidades. Percebi ainda outro tipo de prostituição, não a carnal - a de poder - que, evidentemente, estão interligadas. Ao contrário das muitas comunidades humanas, onde os sentimentos brotam das relações diárias em que a memória é construída por gerações, na capital federal as lembranças estão incrustadas no concreto. Não é um local pra receber gente, como já havia percebido M. Berman. É simplesmente o locus do poder. Nesta Babel , a mestiçagem é o outro nome do caleidoscópio chamado Brasil. No congresso, eu observava em êxtase o movimento de prefeitos, os índios, o movimento contra a homofobia, o pessoal da polícia e outros que sabe Deus o que faziam nas dependências da Câmara dos Deputados.

Um comentário:

VOZES DAS PLURALIDADES disse...
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