4 de mai. de 2010

IDIOTA

Era um sujeito que comprava refrigerantes para servir às visitas. Um verdadeiro luxo. Tinha objetos velhos de origem duvidosa e nunca recebia visitas em casa. Gostava de contradições. Não tinha animais de estimação ou estimava ser algum da face da terra. Estimava sinceramente suas idiotices, era um idiota e sabia disso. Um dia sentiu necessidade de perpetuar sua vida. Demorou, mas conseguiu contratar uma protituta que lhe desse um filho. Ficou sem o dinheiro e o filho, pois numa recaída espetacular, a "mulher de vida" resolveu assumir a maternidade e sumiu no mundo com seu idiotinha nos braços. O sujeito não demorou muito tempo a esquecer o episódio. Concentrou-se em tarefas mais nobres. Um hobby diferente e idiota, evidentemente. Em potes e vidros de diferentes tamanhos e formatos, passou a depositar unhas e cabelos de seu corpo. Por uma questão de sofisticação, sua coleção aos poucos incluiu "coisas" menos nobres, que é melhor nem citarmos por aqui. Ele dizia querer perpetuar sua obra, deixando um patrimônio para o seu filho que um dia certamente haveria de procurá-lo. Idiota pai, idiota filho.

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