4 de abr. de 2010

A LOURA

Sob o peso de sua própria beleza, caiu. Era uma baita rosa amarela, de cheiro adocicado e eu digo com uma dose de ousadia: um cheiro erótico. Poderia ser uma metáfora para muitos casos reais. De fato, muitas vezes a beleza atrapalha. No caso específico da rosa, a roseira tem os galhos finos, típicos de seu pouco tempo de vida, e não suportou o peso desproporcional da flor. Cortei a "loura" e a joguei ao chão sem reverência. Lembro-me da frase de Laozi, acho que é assim: a natureza não é bondosa, para ela os homens são como cães de palha no altar do sacrifício. Cada rosa que nasce em meu quintal reforça minha crença na existência de Deus; a poda faz com a roseira seja revigorada e mesmo a beleza precisa de renovação.

Um comentário:

MM disse...

Hoje, ao ler você lembrei-me imediatamente de Ralph Emerson, segundo o qual “A natureza e os livros pertencem aos olhos que os vêem.” A rosa é uma bocado de beleza que o tempo abocanha impiedosamente. Tão efêmera! É um instante de beleza! A despeito de sua brevidade é cheia de simbolismos. Basta uma somente, como a sua “loura”, para render uma bela história. A rosa tem seu tempo. Eu tenho o tempo do encantamento, um poema, uma rosa e um Momento de Poesia. Ei, JG! Acho linda sua devoção de escrever no blog quase todos os dias. PARABÉNS!