14 de dez. de 2008

O CASAMENTO

A fumaça do incenso faz piruetas entre o quarto e o corredor. O burburinho do casamento ficou na memória, embora um traço de dor de cabeça se insinue: resquícios de muita cerveja e música. Impressiona-me a força do ritual, que retira força das emoções coletivas. O padre recitou a prédica e os fundamentos da família tradicional e conservadora. Minha filha estava radiante e seus parentes emocionados. Para a nave da igreja penetrava um odor de terra umedecida. Na festa, enquanto alguns se esbaldavam no funk, outros preferiam a conversa maledicente ou se entregavam às amenidades. Estranha sensação de etapa cumprida, mas antes que minha filha adentrasse à igreja, ouvi sua voz inconfundível: não fale nada, pai; você é a única pessoa que pode me fazer chorar agora...

2 comentários:

Anônimo disse...

Aos Nossos Filhos
Elis Regina
Composição: Ivan Lins/Vitor Martins

Perdoem a cara amarrada,
Perdoem a falta de abraço,
Perdoem a falta de espaço,
Os dias eram assim...

Perdoem por tantos perigos,
Perdoem a falta de abrigo,
Perdoem a falta de amigos,
Os dias eram assim...

Perdoem a falta de folhas,
Perdoem a falta de ar
Perdoem a falta de escolha,
Os dias eram assim...

E quando passarem a limpo,
E quando cortarem os laços,
E quando soltarem os cintos,
Façam a festa por mim...

E quando lavarem a mágoa,
E quando lavarem a alma
E quando lavarem a água,
Lavem os olhos por mim...

Quando brotarem as flores,
Quando crescerem as matas,
Quando colherem os frutos,
Digam o gosto pra mim...

Digam o gosto pra mim

Anônimo disse...

imagino o quanto ficou feliz!!!