11 de mar. de 2013

A TEMPESTADE

Raios, trovoadas e rajadas de vento.A tempestade me acordou. Não era uma madrugada fria e o quarto era iluminado eventualmente pela descarga elétrica do céu. Nessas horas, a criança aflora. Um medo adormecido se insinua, embora contido, amordaçado. Eu me recordo vagamente do tempo em que me encolhia no berço, assustado com a força da natureza. Burro velho, homem experiente e vivido, sinto dentro de mim a criança que um dia fui. Eu chamo de medo um sentimento que poderia ser caracterizado por reverência à natureza. Ou de insignificância diante de sua magnitude. Enquanto as rajadas de vento arrancavam galhos, goiabas e amêndoas, o meu coração se aperta. Penso nos desabrigados e nos acidentes que invariavelmente caracterizam as tempestades. Outro pedaço de mim sussurra que se trata de uma vingança divina. Uma vingança que está apenas começando, diz o meu lado racional, haja vista as intervenções que os humanos sistematicamente impõem no ecossistema. 

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