Um rapaz de escola pública. Esperou acabar a aula e veio falar comigo. Ele não queria dizer nada, apenas compartilhar silenciosamente sua diferença. Não bebe refrigerante, não vê televisão e se diz socialista. Reclama da perda de tempo e não faz questão de bater papo com seus colegas de sala de aula. É uma referência, o aluno que todos querem no grupo para fazer trabalho, mas com quem não há nada a conversar. Eu disse a ele que é importante manter o equilíbrio e que numa sociedade todo mundo precisa de todo mundo. Brilhante e isolado, não vai chegar a lugar algum, o mundo é dos imbecis, dizia Nélson Rodrigues. É um jovem cheio de sonhos e revoltas, que acredita em si e na sua potencialidade de mudar o mundo. Não me cabia estimular ou desmotivar o rapaz. Creio que cada um tem seu caminho na vida. Ele precisava de um ouvido, e mais, precisava saber que seu jeito de ser é admirado por alguém. Com efeito, eu o admiro, mas suspeito que vai tomar muita porrada do mundo...
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