21 de jul. de 2010

CORRER

Eu precisava mostrar ao meu pé quem manda. Então, martelava cada metro que se transformava em quilômetro com uma satisfação desmedida. Quanto mais doía, mais eu corria. Lá na beira da Lagoa o velho ritual. É assim que imagino a língua dos Budas. Em algum lugar o grande mestre me diz o que diria: você não é apenas um monte de tendões. O vento estava intenso e ele sempre me disse para temer o vento, um velho costume chinês. Ventava e ventava. A perna doía, doía e a água salpiscava o corpo, o corpo furava o vento, o vento empurrava a água e a dor empurrava o corpo. Correr. Correr. O velho Buda... era a referência do Shobogenzo, que li faz tanto tempo... Tomei dois pratos de sopa. O sono se aproxima e eu correrei nos sonhos.

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