18 de fev. de 2010

AUTORIDADE E AUTORITARISMO

Pausa final. E antes de dormir, nova reflexão.

Acreditamos que nossas opiniões são formadas inteiramente por convicções pessoais, negligenciando assim os processos sociais e históricos que comandam nossas idéias. Agora é o choque de ordem. O aplauso é geral: a prefeitura quer moralizar a cidade e acabar com o xixi em público, imoral e anti-higiênico. A guarda municipal tem prendido os mijões recalcitrantes e a imprensa colabora. Quer dizer, a prefeitura se coloca na posição de educadora e faz seu papel de agente descolado do restante da sociedade para aplicar sanções. Raciocinemos. Há um bloco carnavalesco com um milhão de foliões e vinte banheiros químicos. A venda de bebidas é intensa e não demora muito há filas gigantescas e os tais banheiros ficam imundos. Como fazer? Serão comprados novos banheiros, ouvi dizer que serão holandeses e dinheiro não é problema, afinal, somos mal educados mas pagamos impostos. Eles não cogitam proibir a festa, nem a venda de bebidas - somos uma nação democrática, dizem. Volto ao argumento inicial. Faz parte da tradição brasileira legislar por decretos, educar o povo por meio de leis e medidas autoritárias. Em último caso, qualquer um faz xixi no mato, no prédio, nas vestes do Papa, na torre Eiffel - é absolutamente imperioso e necessidade básica. Mesmo sob ameaça de cadeia, não há como evitar.

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