18 de jan. de 2010

O POETA E OS RÓTULOS

Disse mais ou menos assim o grande poeta: me contradigo porque sou vasto, contenho multidões. É bem verdade que sou apenas um joãozinho, mas gosto de pensar que sou do mesmo calibre que Whitman, aqui referido. Essas considerações derivam do comentário do meu amigo Patrick, que me honra com seus eventuais comentários. Ele disse: o Jg que conheço é diferente do Jg do blog. Sem dúvida. Assim como o Jg da Taitai (minha mãe) é diferente do Jg dos amigos e ainda há outros tantos Jgs... O pior é quando as pessoas querem nos prender numa camisa de força simbólica. Não sei quem me disse essa semana: "nem imagino você bebendo". Ou: "você sabe de tudo", "já fez tudo", contrapondo-se frontalmente aos que afirmam: "você é muito parado", "você é muito certinho". Ouvi recentemente: "você morreu", "é um grande homem", "um cara bastante esforçado", "você é muito feliz", "muito triste" e assim por diante. Isso me lembra a história:
Três pessoas perguntaram a Buda se ele acreditava em Deus - ao primeiro ele disse que não, ao segundo disse sim, e permaneceu em silêncio diante do terceiro. Um discípulo questionou sua atitude e o mestre explicou: cada um recebeu o que queria ouvir....

3 comentários:

Patrick Gomes disse...

rsrs
ok, ok. quando escrevi este comentário tinha algo especial em mente. Pensei em complementar meu comentário anterior dizendo que entendo que as "pessoas são diferentes em situações diferentes". Na verdade isso é muito óbvio. As diferenças que me referi estão mais ligadas à contradição (mas você respondeu bem com a história do Buda).

Cafo... disse...

Ai, ai, ai, eu estava tão quietinha! Não consigo separar o João em compartimentos: o professor, o amigo, o confidente, o blogueiro, o impaciente e o brincalhão (rs..). Desde 2003, não preciso ver para enxergar. "O essencial é invisível aos olhos". O ser humano que enxergo está além do físico, sem rótulos e sem símbolos. É só essência...

MM disse...

Segundo Clarice Lispector, “O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós”. Assim, e em homenagem a João Gilberto, meu criador, ao que me parece uma controvertida personalidade, hoje resolvi “mudar” e agora sou definitivamente MM. Não espere mais por Maria!
Percebo novamente: somos a todo tempo inventados e reinventados por nós mesmos e pelos outros. Freqüentemente sou surpreendida ao ser tachada de alguma característica que nunca havia percebido em mim mesma. Percebo você! “- Quem é você, João?”.
Ouço então: “- Quando, onde, em que contexto?”. Resolvida a questão. Múltiplos é que somos. E sem ser suspeita e com um sotaque levemente ibérico, sigo a dizer: você é “maravilloso”, João. Criou-me! Essa é minha visão.