24 de jan. de 2010

CHUIF

Filme de cachorro é pra chorar, não tem jeito. Ouvia-se aqui e ali uma fungada ou então era percebida uma discreta passada de mão no rosto. O velho canastrão tinha que estar inserido em alguma coisa oriental, japonesa. Ele ainda faz suspirar muita balzaqueana sarada. Richard Gere. O filme é sobre a lealdade de um cão. Até a metade do filme há uma preparação. Eu já estava angustiado, esperando a catástrofe que iria quebrar a harmonia e nos inserir no mundo das lágrimas. Eu já pensava em comprar o ingresso lacrimejando, sentar me debulhando, assistir em soluços e me afogar ao fim da película. O filme é sobre o lendário cão japonês, Hachiko. Uma lição de lealdade, de amor puro e fiel - literalmente irracional, por isso mesmo capaz de emocionar tanto. Não sei se é correto chamar tais criaturas de "bichos de estimação". O remake deveria ser exibido no Japão, terras dos execráveis "robôs de estimação". Considerando que não é um filme de ação, prestei atenção nas pessoas do cinema: alguns utilizavam o celular para muitos propósitos, outros assistiam impassíveis e uma parte se emocionava, como eu. Que sentido terá a lealdade e o amor extremos num mundo de afetividades descartáveis? Pensei, entre um chuif e outro.

3 comentários:

Unknown disse...

Fui assistir AVATAR e percebi na saída do cinema vários olhos vermelhos. O cinema tem essa finalidade, mexer com nossos sentimentos. Adorei o mundo imaginado de Avatar com uma fauna e flora exuberante de fazer qualquer artista plástico querer pintar, mas o fluxo da história é uma releitura do velho faroeste americano, onde os índios são as criaturas alienígenas, e a cavalaria americana os não menos militares gananciosos da Terra.
Três horas de beleza e criatividade virtual e três horas de um enredo fraco, repetitivo e inconclusivo. Não vi o filme do Canastrão Gere, mas se o enredo salvar o filme, vale a pena.

Unknown disse...

Acabo de assitir a este filme, JG. Adorei. Chorei muito! Quando acenderam as luzes, que vergonha! Um chuif é pouco!

MM disse...

Que distração é chorar! Quando há fome e há frio.
Há uma sede de amar, quiçá um coração vazio.
É um consolo, um clamar.
Alguém que sabe e não viu.