26 de set. de 2009

ANA CRISTINA

Ouvi a entrevista de Ana Cristina, a comerciante que esteve sob ameaça de um bandido portador de uma granada. O desfecho todo mundo sabe: um atirador de elite da polícia matou o bandido. No programa de rádio, a pergunta dirigida aos ouvintes era se apoiavam ou não a ação policial. Impressionante, houve unanimidade - todos apoiaram e de forma entusiasmada o desfecho. A seguir, o radialista colocou no ar a entrevista. Com uma lucidez fora do comum, Ana Cristina narrou o dramático episódio, declarando: "Eu sou uma vítima, sofri; mas ele também é vítima, pois ninguém que nasce e é criado sem amor pode ser uma pessoa boa." De um modo geral, as pessoas enxergam apenas seus interesses imediatos. Se há crime e violência, que sejam executados os culpados; é um desejo de vingança proveniente da revolta. Não percebem que os processos geradores de "monstros" de toda espécie é que precisam ser mudados. Ignoram os efeitos devastadores da miséria, uma verdadeira fábrica de criminosos que, numa sociedade de consumo, é quase uma consequência lógica. Não só a pobreza material, mas a pobreza de amor - a exclusão do afeto, de uma criação digna e salutar. O radialista concordou com a entrevistada, a Ana, e declarou: "isso é falta de educação, de trabalho..." Não só. É falta de justiça social. Ou melhor, é falta de tanta coisa, mas de tanta coisa... A existência de pessoas como essa brava mulher é pelo menos uma esperança.

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