3 de jul. de 2009

QUASE IONESCO

Faz anos, muitos. Eu entrei naquele extinto cinema para ver um filme de Peter Greenaway - um diretor também extinto. Seus filmes são absurdos. E me dei conta de que não havia ninguém além de mim, as poltronas eram vermelhas, disso eu me lembro. Uma cena de filme: do filme que me via. O vazio...
Hoje. Entro no salão iluminado com o coração apertado. É a lanchonete que nunca recebe clientes. Ela me aguarda, eu sei. Pensei em sair, pois dessa vez havia gente. Um cara tocava gaita. Pensei. Eu precisava terminar o ciclo com um sanduíche na lanchonete. Preferencialmente um sanduíche ruim. O vazio me preenche tanto quanto o gás do refrigerante. O garçon poderia ser o demônio, pois ele precisa saber que não me entrego, que me renovo na diversidade não obstante o cansaço.
Mas o sanduíche estava gostoso e a decoração até interessante. A lua lá fora era apenas um tumor. Eu me purificava na dor e ao som de jazz. Saí da lanchonete. Não vou correr, hoje não tenho pressa. O fundo do poço nunca foi problema para quem sempre foi moeda na vida...

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