16 de mar. de 2009

O AMOR

A natureza não é bondosa, dizia Laozi. Não é malvada, não possui intenção, está além da explicação humana, por mais que desejemos criar sistemas de compreensão ou explicação. Entre as criações humanas a mais sublime é o amor. A fé pode mover montanhas, mas somente o amor pode erguê-las ou mesmo destruí-las. O amor é a energia criativa ou destruidora, é a força que mobiliza ou desmobiliza, pois o amor também pode ser ódio. Aprende-se no zen que um belo tapa pode ser a fonte de iluminação. É exemplar a historieta entre o mestre americano e o japonês, na qual o americano por provocação sujou a estátua de Buda. O japonês se apressou em limpá-la e o americano disse algo do gênero: "então supõe que ele esteja aqui?" E a resposta foi: "sujeira e limpeza não diferem, mas prefiro limpá-lo. " Prefiro, ele disse. Destruir ou criar fazem parte do mesmo ciclo, mas podemos escolher em que parte do processo nos inserimos. Assim, a criação está a serviço da vida, enquanto a destruição está a serviço da morte. O amor pode estar associado à criação e às forças que agregam e contribuem para o crescimento. Na relação entre homem e mulher o amor pode ser tântrico e promover a unidade. Aqueles que amam não conhecem limites ou fronteiras, pois bebem diariamente do sublime e se reforçam no seio do universo. Mas não o amor de conveniências e restrições: não pode ter limites, já que a vida não conhece limites e se espalha nos ambientes mais inóspitos do planeta. Aquele amor que preenche cada poro, que renova cada célula, se assemelha ao sol nosso de cada dia. A frase é feita: a vida é curta mas o amor a torna mais longa e melhor. Colocar-se ao lado da vida é amar da forma mais intensa possível. A natureza não é boa ou má, mas a possibilidade de amar é toda sua.

2 comentários:

Anônimo disse...

Lindo, João...sem palavras...ou melhor...Krishamurti..."O amor não obedece, quando se ama, não há respeito nem desrespeito"...eu completo, é pleno, é amor...

Patrícia Galvão disse...

:)

Em Algum Lugar do Tempo.