26 de nov. de 2008

OS NOVOS POETAS

Nas sociedades de corte a poesia era chique. Ser poeta já foi sinônimo de inteligência, de um caráter sonhador ou revoltado, enfim. Os poetas das sociedades industriais-financeiras são os economistas. Possuem espaço privilegiado nas mídias e diariamente nos brindam com suas metáforas, metomínias e outras figuras de linguagem - dissimuladamente, em nome da ciência, diga-se. Agora mesmo ouvi o comentarista-poeta dizer no rádio: se os trabalhadores americanos receberem aumento salarial haverá aumento de consumo e é disso que sua nação precisa. Ora, talvez não seja este o ponto de vista de quem paga o salário. Tal aumento, se houver, pode ser um poderoso estímulo para a evasão de empresas rumo ao oriente, agravando o desemprego. No Brasil o presidente declara que o povo deve continuar consumindo... E os recursos, presidente? Percebe-se que a questão central é o consumo. Vamos, então, simplificar a lógica do sistema: 1. a população cresce; 2. novos empregos, sistemas de saúde e educação são necessários; 3. casas, estradas, desmatamento, funcionários públicos, diversão...4. o consumo é a alavanca que move todas as peças desta engrenagem. A economia tomou conta das esperanças: se aumenta a demanda, cresce a produção; se a taxa de juros cresce a inflação se mantém; se o serviço da dívida... se as bolsas... se os indicadores... o risco Brasil...

Um comentário:

Anônimo disse...

Prefiro os poetas que falam com a alma...como você...estamos cansados da repetição, de antever as notícias..."Eu vejo o futuro repetir o passado/Eu vejo um museu de grandes novidades." você escreveu sobre o ego, em seu livro...e de como procura problemas...padecemos de problemas crônicos...esquecemos nossa essência em algum lugar, em algum momento...esquecemos que entre o princípio e o fim existe a vida, e o que ela significa...