Recebi por meio do Facebook a mensagem de um aluno perguntando seu eu acreditava na Bíblia e em Deus. Provavelmente, ele está numa fase de questionamentos sobre as coisas da vida. Já passei por isso. Não me recordo exatamente quando fiz uma jornada, uma peregrinação no sentido clássico da palavra. Frequentei diversas religiões, entre as quais às cristãs, a umbanda, o espiritismo. Por fim, tornei-me estudante de algumas manifestações da sabedoria oriental, após ter me desencantado com a filosofia do Ocidente. Aprendi muito. Eu poderia responder ao rapaz com algumas frases-feitas, parábolas, tiradas filosóficas e mesmo explicações de cunho científico. Não creio ser correta tal atitude. O fato de alguém se perguntar sobre a vida, o sentido dela, Deus entre outros questionamentos metafísicos, é indicativo de que esse alguém pensa e sente dentro de si a centelha da inquietação.Eu tenho três alternativas: digo que sim, acredito, na esperança de estar contribuindo com a formação do rapaz; digo não, por confiar na sua capacidade de viver num mundo sem árbitro supremo; digo que algumas vezes sim, outras não, e confirmo desta forma a minha personalidade zen/taoísta, sem me preocupar muito com o ele possa pensar. Afinal, será que algo dito por mim pode ter tanta influência assim? O rapaz pensa, provavelmente vai chegar às suas próprias conclusões sem a minha intromissão. Mas creio ter o dever de responder alguma coisa: dever humano, diga-se. Ou, puramente vontade em responder algo que sempre me inquietou. Se acredito na Bíblia? Sim, como documento histórico que se transformou em peça de adoração pelos homens. Um conjunto de mitos e histórias passadas pela tradição oral que ganhou força canônica. Não acredito que a Bíblia sirva para explicar as coisas do presente e nem do passado. Não é um oráculo, não tem poder, não é o caminho da verdade, pois essa (a verdade) é simplesmente uma construção histórica.
Agora, se acredito em Deus... Que Deus? Há vários, das diferentes culturas. Se acredito em energia? Em forças superiores? Devo declarar com humildade: não sei. A existência ou não de Deus não baliza minhas atitudes. Não preciso de Sua existência para ser um cara do bem, que acredita no amor, na justiça e na necessidade de ter uma conduta ética. Há muitas coisas sem explicação. É verdade. Aprendi a silenciar a mente e não viver preso à angústia. A jornada que fiz foi maravilhosa, não me deu respostas e sim novas perguntas. Deus é algo que precisa se sentido. Eu me sinto vivo, produtivo e feliz comigo mesmo. Não creio que exista fórmula, que a minha experiência sirva para todo mundo. O aluno vai ter que buscar suas respostas e dentro de si, ainda que as pistas que outros lhe forneçam sejam úteis.
De cabeça transcrevo uma parábola budista, proferida por um mestre nesses termos:
Um Buda ancestre ((antigo) disse: as montanhas são montanhas. Mas isso não significa dizer que montanhas são montanhas. Significa apenas que montanhas são montanhas.
Assim: o seu olhar muda, as montanhas não. Caro aluno, o seu olhar ainda há de mudar muitas vezes. Quando se sentir seguro me responda: você acredita na Bíblia? Acredita em Deus?
Um Buda ancestre ((antigo) disse: as montanhas são montanhas. Mas isso não significa dizer que montanhas são montanhas. Significa apenas que montanhas são montanhas.
Assim: o seu olhar muda, as montanhas não. Caro aluno, o seu olhar ainda há de mudar muitas vezes. Quando se sentir seguro me responda: você acredita na Bíblia? Acredita em Deus?
Um comentário:
Há um livro excelente sobre o assunto, intitulado "Deus em Questão" é do Armand M. Nicholi, Jr. Editora Ultimato.
Apresenta as concepções de C.S. Lewis (escritor infantil) e Freud (Psiquiatra). Ou seja, aparentemente eles nada possuem em comum, no entanto um foi influenciado pelo outro nas questões religiosas, sendo que o primeiro, após um certo tempo, passou a escrever diversas coisas rebatendo as ideias ateísta do segundo.
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