16 de mai. de 2011

SENSIBILIDADE DE OUTONO

A lua envolta em burka de nuvens se despia a cada curva. Os ares de outono anunciam o inverno, o inferno está escondido em algum canto do horizonte. A maturidade me traz a consciência do tempo, quando a vida se torna rápida feito vento de tempestade. Talvez a proximidade da data do meu aniversário me faça mal. Creio que seríamos mais felizes se não houvesse tantas datas que nos lembrassem a efemeridade da vida. A história se nutre da memória, a memória se alimenta das lembranças e as lembranças nos devoram. Animais e bebês vivem imersos num presente eterno, disse o filósofo que viveu pouco. E por isso são felizes, bebês e animais, o filósofo não. A lua já despida em São Pedro d´Aldeia me convida a pensar no futuro. É possível semear e colher sempre, este é o princípio da vida, preciso acreditar nisso. A cada aniversário uma nova colheita. Sinto o ar que entra pela janela do carona. Inspiro, acelero e penso em registrar essa sensibilidade toda...

Um comentário:

Primendonça disse...

As vezes leio um texto curioso, outras tantas algo questionador, seja da sociedade, da vida, de si mesmo ou de alguém diretamente... Alguns são verdadeiros poemas que emocionam, algumas vezes tão profundos e tão complexos que não sei nem o que dizer, se é que seja necessário, se essa não seria realmente a intenção de quem escreve.
Pouco importa!
Tudo isso pra dizer que mesmo no silêncio, tudo o que é escrito aqui é religiosamente lido. Faz parte, não há como fugir e, que bom por isso!