4 de jan. de 2009

ROSA NEGRA

A cerveja descia feito água sanitária. Alvejava as vísceras sem dó. Foi uma semana de pastilhas e surpresas. Acidez até a alma. Pouco antes foi o engarrafamento e os desencontros. Sempre foi assim. A normalidade nunca foi acessível, desde o berço que na verdade era uma gaveta. Mas ontem, a noite estendida sobre o chão era uma pasta de desejos. De certa forma eram tempos de Henry Miller. Não era Rio Branco, era Amaral Peixoto. Mas as visões que atormentam a alma de um poeta são carentes de precisão. Afinal, o tempo não passa de imobilidade numa mente alucinada. O cenário, então, se repete. O carro, a estrada e o tapete do céu. Uma mulher que surge das entranhas do sonho e se materializa em taças de ansiedade. Não há coerência nas frases e nem lua para tornar o clima romântico. Chuvisca e não há remorsos ou trapaças. A água sanitária continua fazendo seus estragos, mas no final das contas a paixão triunfa e a madrugada se abre em rosas negras.

2 comentários:

Coral disse...

Triste, bonito, rascante e sensual, cheira rosas.
Me lembrou um bom vinho.
Em Algum Lugar do Tempo.

Patrick Gomes disse...

Se for dirigir, não beba!