30 de nov. de 2008

CRUELDADE, CARA

Foi numa excursão. Ela usava um biquini Ana Maria, parafraseando o refrão da música. Houve um murmúrio, misto de surpresa e reprovação. Era nítida sua intenção de seduzir o fazendeiro. Mas já se passaram dez anos e eu nunca mais tinha avistado a figura até que a reencontrei numa dessas travessas da vida. Um cumprimento seco em movimento. Mas eu fiquei impressionado: o tempo fora cruel. Não havia mais os traços da mulher provocante: as bochechas estavam caídas como as do Fofão, o olhar sem brilho e os lábios sem baton. Os cabelos amarfanhados como dinheiro de bêbado... Esta é apenas uma versão do fato, o meu ponto de vista. Será que ela também foi ruminando rua afora sobre minha decadência? Quanta crueldade, cara.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que decadência?! Você é muito lindo, meu caro João...rs